Está preocupado?


Para evitar, limitar ou retardar a ocorrência de acidentes cardiovasculares, a identificação e a enumeração dos factores de risco cardiovascular são essenciais. Alguns de entre eles como a diabetes, a hipertensão ou o excesso de colesterol podem estar presentes num indivíduo que se sinta em perfeita saúde: são os assassinos “silenciosos” que não provocam nenhum sintoma durante vários anos. Somente com exames específicos é possível fazer o despiste destas doenças.


As doenças cardiovasculares são hoje em dia, a primeira causa de morte em Portugal. As doenças cardiovasculares são causadas por depósitos de colesterol nas paredes das artérias. Estes depósitos vão progressivamente reduzir o diâmetro das artérias e interferir na circulação do sangue. Tendo por consequência o risco de formação de coágulos de sangue no interior dos vasos sanguíneos, dado que quando o sangue circula mais devagar tem tendência a coagular. Acabando por certas artérias ficar completamente obstruídas.

Esta doença arterial, chamada de aterosclerose, é responsável:
- Pela angina de peito ou do enfarto do miocárdio dado que uma ou mais artérias coronárias ficam obstruídas.
- Pelos acidentes vasculares cerebrais quando se tratam de artérias do cérebro. Neste caso a artéria pode ou ficar obstruída por um coágulo sanguíneo (enfarto cerebral) ou romper-se e começar a sangrar devido a uma fragilidade ligada à placa ateroma (hemorragia cerebral).
- Pelas tromboflebites dos membros inferiores.

As lesões de aterosclerose iniciam-se na adolescência e desenvolvem-se de uma forma traiçoeira durante muitos anos. Far-se-ão de forma mais rápida dependentemente dos factores agravantes associados. Estes factores, chamados factores de risco cardiovascular, são hoje em dia bem conhecidos. Entre eles podemos enumerar:
- Os factores sobre os quais não é possível agirem mas que, por outro lado não devem ser subestimados: idade, antecedentes familiares de doença coronária precoce;
- Os factores sobre os quais é possível agir e que deverão ser imperativamente ser postos em prática: tabagismo, diabetes, hipertensão arterial, excesso de mau colesterol ou colesterol bom insuficiente, obesidade ou excesso de peso, sedentariedade.


Ainda hoje
  • Mais de 1 milhões de pessoas ignoram a sua hipertensão.
  • 7 milhões de pessoas ignoram a sua taxa de colesterol elevado.
  • Mais de 2 milhão de pessoas são diabéticas sem o saber.
  • 1 pessoa em cada 3 morre de doença cardiovascular.

Todos os anos as crises cardíacas e os acidentes vasculares cerebrais aumentam.

Cada vez mais estes acidentes atingem camadas jovens.

Atenção
Um só factor de risco pode ser suficiente para provocar uma doença cardiovascular, mas a associação de vários factores de risco na mesma pessoa multiplica este risco dado que se vão agravando uns aos outros.


Cuidado com os “assassinos silenciosos”

O Colesterol

O colesterol é indispensável ao bom funcionamento do organismo mas se for em excesso no sangue, começa a depositar-se nas paredes das artérias, incluindo nas artérias do coração (artérias coronárias), formando placas de gordura que vão engrossando progressivamente ao longo do tempo provocando um risco de obstrução ou de formação de coágulos.

O colesterol é transportado no sangue por dois tipos de veículos:
- os HDL, que recuperam o colesterol que se deposita nos vasos e os leva ao fígado, para que se destrua. O colesterol encontrado nos HDL é muitas vezes chamado de “bom colesterol”.
- os LDL que levam o colesterol ao fígado e o transmitem ao organismo. O “mau colesterol” tem tendência a depositar-se nas artérias e as obstruir.

O despiste da hipercolesterolémia é feito através de uma análise de sangue em jejum. Fala-se de hipercolesterolémia logo que a taxa de colesterol LDL seja superior a 1,6 g/l (4,1 mm)

A diabetes

A diabetes é só por si um factor de risco cardiovascular dado que tem efeitos nocivos sobre os vasos sanguíneos, que favorecem a sua obstrução em caso de formação de placa gordurosa. A diabetes provoca uma formação mais fácil de coágulos de sangue, o que aumenta ainda mais a probabilidade de obstrução dos vasos, mas a diabetes pode igualmente danificar a visão e levar à cegueira, os rins e conduzir a uma insuficiência renal crónica.

A despistagem da diabetes faz-se com uma análise de sangue em jejum. Fala-se de diabetes quando a glicemia (a taxa de açúcar ou de glucose no sangue) seja no mínimo e depois de 2 testes, superior a 1,26g/l em jejum.

A hipertensão arterial

A hipertensão arterial é perigosa visto que esforça o trabalho do músculo cardíaco que aumenta de tamanho, torna-se muito menos eficiente e fica esgotado. As suas necessidades em oxigénio aumentam enquanto as coronárias já não conseguem fornecê-lo.

A despistagem da hipertensão pode ser feita por tensiometro. Falamos de hipertensão arterial quando depois de várias medições, os valores sejam superiores a 140 mm Hg (14 cm HG) e/ou 90 mm Hg (9 cm Hg)

Atenção
É tão importante despistar os factores de risco, como a prevenção das doenças cardiovasculares que se tornaram eficazes tanto pelas medidas de higiene de vida e de dietética, como por tratamentos.


Não negligencie os “assassinos visíveis”


O tabagismo

A curto prazo o tabaco favorece a retracção das artérias, a formação de coágulos e o aparecimento de problemas no ritmo cardíaco. A mais longo prazo, o tabaco danifica progressivamente as artérias.

Estes efeitos negativos aparecem mesmo em níveis de consumo muito baixos. Parar de fumar é o primeiro objectivo a alcançar para contribuir na prevenção das doenças cardiovasculares. É também sobre o risco cardiovascular que o benefício de parar de fumar é o mais espectacular.

Parar de fumar e limitar o consumo de álcool são benefícios incontestáveis.


A obesidade e a sedentariedade

O seu impacto sobre as doenças cardiovasculares é desta vez directa, ligada ao aumento de peso e à infiltração de gorduras ao nível visceral, mas também indirecto, ligado ao aparecimento de factores de riscos cardiovasculares como a hipertensão arterial, o aumento da taxa de colesterol no sangue ou da diabetes. O risco cardiovascular está ligado ao excesso de peso, medido pelo Índice de Massa Corporal (IMC) e à obesidade abdominal. Neste caso o risco é proporcional à medida da cintura: quanto mais elevado for, maior é o risco cardiovascular. Fala-se de obesidade abdominal quando a medida de cintura ultrapassa os 88 cm na mulher e 102 no homem.

A sedentariedade

A sedentariedade danifica o seu coração porque sem exercício o músculo cardíaco perde a sua força de contracção.

- Recebe e envia menos sangue ao organismo
- Fornece menos oxigénio aos músculos e órgãos,
- Recupera mais devagar em caso de crise cardíaca.

Todas as pessoas que praticam menos de 30 minutos de exercício físico por dia são consideradas como muito sedentárias. Uma meia hora de marcha por dia pode ser suficiente para reduzir o seu risco cardiovascular.