... o mais difícil é mudar os hábitos alimentares

Entrevista a Maria Lucinda Tavares da Silva

Maria Lucinda está há 30 anos ligada à alimentação e dietética. Após uma carreira no ensino onde publicou as obras “Mãos que prestam”, “Manual de Higiene” e “Dicionário de Francês em Imagens” tem-se dedicado aos problemas e estudo da alimentação, tendo publicado, um livro “Soja - Receitas para uma alimentação saudável”, (já em 2ª edição). Ultimamente publicou “Truques para Emagrecer” e "Cozinha Saud+avel" obras que surge sem pretensões científicas, mas com respostas práticas para todos os que se preocupam com o peso.


Saúde Actual (S.A.) – Sabemos como se interessa pela alimentação e que há mais de 30 anos está ligada à dietética mas porquê esta aventura de um livro sobre emagrecimento?

Maria Lucinda Tavares da Silva (M.L.T.S.) – Perder peso é hoje uma preocupação constante para quase metade da população. Além de ser um meio para manter a linha é também uma ajuda para os que se preocupam com a saúde. A obesidade é um fenómeno cada vez mais vulgar nos países ocidentais. Há quem fale em epidemia. Ao escrever o livro “Truques para Emagrecer” quis responder com equilíbrio e numa linguagem simples e acessível a todos, às perguntas que mais preocupam as pessoas a quem este problema aflige. Há erros que se cometem por ignorância. E há truques simples que muito podem ajudar a solucionar o problema, atingir o peso ideal e mantê-lo.

S.A. – E qual será o peso ideal?

M.L.T.S. – Todos nós sabemos qual é o peso com que nos sentimos bem, que nos sentimos nós próprios nos nossos melhores dias. Pode por vezes ser um pouco diferente do peso que as tabelas aconselham. Mas este será o peso ideal. No entanto no livro “Truques para Emagrecer” encontrarão as tabelas mais actuais para calcular o peso ideal, indicações para elaborar uma ficha pessoal do peso ideal e da melhor forma para o controlar e manter. O peso ideal deve ser um peso saudável e não o que a moda impões. Depende muito da altura, esqueleto, idade e mesmo de certas fases da vida.

S.A. – Mas actualmente há cada vez mais casos de obesidade declarada, quais serão as causas deste fenómeno?

M.L.T.S. – É verdade e a própria OMS dá um alerta à população. Cada vez há mais obesos e o grande sinal de alarme é que este fenómeno está a atingir cada vez mais, crianças e adolescentes.
É nos Estados Unidos que se encontram mais obesos. É um povo que esqueceu quase todos os hábitos alimentares tradicionais. Come segundo as regras da publicidade, do fast food, da televisão. Os simples legumes frescos são quase desconhecidos e a água de mesa normal é rara. Quando se sentam à mesa aparece logo a água gelada ou as bebidas gasosas extra geladas. Exceptuam-se com certeza, certas zonas, onde a dietética e os regimes se têm desenvolvido. No entanto, a grande maioria, perdeu completamente a noção de uma alimentação sã e equilibrada.
Certamente que as causas estão acima de tudo ligadas aos maus hábitos alimentares da vida moderna, mas há outros hábitos também nefastos:
a vida sedentária;
a perda dos laços familiares, que levam ao esquecimento da cozinha familiar;
o trabalho da mulher que cada vez lhe deixa menos tempo para o equilíbrio da família;
a utilização cada vez mais corrente e mais fácil dos aparelhos electrodomésticos (mesmo a televisão se comanda da cadeira).

E nunca será demais recordar que abusamos:
de proteínas animais;
de gorduras animais;
de açúcares (que muitas vezes estão escondidos);
de alimentos pré-cozinhados, congelados, conservados artificialmente, etc., etc.

S.A. – Ultimamente existe uma grande corrente que defende a alimentação mediterrânea. É também sua opinião?

M.L.T.S. – Sem dúvida que sou uma defensora da alimentação mediterrânea, dita tradicional em toda em toda a região do sul da Europa e dos habitantes dos países anglo-saxões e escandinavos.
A alimentação mediterrânea é uma alimentação frugal, hipocalórica e constituída por diversos alimentos constantes na bacia do mediterrâneo.

As características principais deste tipo de alimentação são:
grande consumo de legumes e frutos frescos;
utilização de ervas aromáticas, alho, cebola, salsa, etc.;
grande consumo de peixe e alguma carne proveniente de animais provenientes de capoeira ou caprinos;
utilização de bom azeite;
cereais não refinados, leguminosas;
consumo moderado de vinho tinto às refeições.

Um facto importante na alimentação mediterrânea e que deve ser considerado é a preparação simples dos alimentos que são consumidos essencialmente em saladas, ao natural, grelhados ou cozidos. Neste tipo de alimentação nunca se utilizam grandes manipulações ou sofisticações. O alimento é consumido na sua forma mais simples, muitas vezes apenas com azeite e bom vinagre.

S.A. – Os nossos leitores gostariam certamente de saber como é que o livro Truques para Emagrecer os pode ajudar a encontrar a linha.

M.L.T.S. – Certamente que vão todos encontrar uma resposta eficaz para o problema que os possa preocupar. Muitas vezes o que as pessoas procuram são respostas simples, práticas e eficazes. São também estas que podem levar ao êxito. Se os argumentos ou a linguagem é demasiado científica podem desencorajar-se quando poderiam ter encontrado uma solução para os seus problemas.

Truques para Emagrecer não tem pretensões científicas, é fruto de experiências vividas e apresenta soluções muito concretas que vão de pequenos truques do dia, à escolha de alimentos compatíveis. No início do livro identificam-se os problemas, que levaram à toma de peso em excesso, estabelece-se um “Objectivo” e em seguida apresentam-se os meios para o atingir, através de um sistema de 10 dias de Dieta Integral de Emagrecimento.

S.A. – E pode dar-nos alguns conselhos para os nossos leitores?

M.L.T.S. – Posso dar algumas sugestões e conselhos de carácter geral e de equilíbrio. Costuma dizer-se que não se engorda apenas porque se come muito, engordamos porque não sabemos comer. É verdade que além de abusar da alimentação, muita gente faz combinações alimentares ou tem uma higiene de vida mal organizada.

Se quiser perder peso e conquistar uma saúde equilibrada:
•prefira uma alimentação natural, privilegiando legumes, saladas e alimentos integrais;
•evite gorduras animais e açúcares rápidos;
•diminua o consumo de carnes vermelhas e aumente o número de refeições à base de peixe;
•não misture na mesma refeição glícidos com lípidos;
•aumente a dose diária de fibras;
•elimine as sobremesas doces, prefira uma dose de morangos, framboesas ou amoras;
•beba pelo menos 1,5 litros de água, entre as refeições;
•diminua as quantidades de sal e gorduras que utiliza normalmente;
•faça 3 refeições por dia;
•não petisque entre as refeições, se tiver fome coma uma peça de fruta, um iogurte magro ou 1 iogurte de soja;
•coma sempre um bom pequeno almoço com cereais integrais, fruta e iogurtes (é segredo para não ter fome durante o dia).

Fonte: Revista Saúde Actual